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Mãe joga filho no lixo

Essa foi uma das noticias trágicas que ouvi novamente no jornal. Mãe abandonar filho, colocá-lo no lixo, espancá-lo, são fatos que, ciclicamente, retornam aos noticiários. A primeira reação comporta um certo horror, pois na nossa cultura as mães são as principais responsáveis, a princípio pela manutenção da vida de seus filhos. Mais: preconiza-se que os ame incondicionalmente. Além disso, que ame e se relacione com todos os seus filhos da mesma forma, sem fazer diferença, como se diz.

Haja amor! Uma noticia como essa denuncia o quanto é possível uma mãe colocar-se numa posição extremamente oposta ao que se espera dela. Caberia julgar uma situação como essa? Juridicamente ou eticamente sim, pois na nossa cultura ela é responsável legalmente pelo ser que gera. Psiquicamente, a história pode nos levar a outros rumos.

Comecemos pelo que pode significar um filho. Ainda que ser mãe não seja mais o único e principal objetivo na vida de uma mulher, ter filhos é um sonho que pode fazer parte de um ideal de realização da feminilidade. Viver o mistério maravilhoso que se faz em nós, mulheres! O mistério da vida!lixo

Mas... gerar filhos, sabemos que não é difícil. A questão maior é “criá-los”. Acho esse termo especialmente rico ao definir o que se passa quando acompanhamos nossos filhos. “Criar” no sentido de cuidar, como também relacionado à criatividade. “Criar” um sujeito, lapidando aquele pedaço de carne, o bebê, com o cinzel do amor tal como o artista com suas mãos amorosas esculpe uma obra de arte a partir de uma pedra bruta. Perceber brotar dali um ser com desejos, aflições e uma forma peculiar de ser, a partir do amor do outro, e em primeiro lugar, da mãe, pois a presença paterna só é percebida pelo filho num momento posterior.

O filho pode ser uma obra de arte sim ou então ser visto apenas como um pedaço de carne, tal qual o acontecido na trágica noticia da mãe que joga o filho no lixo. Aquele ser foi visto somente como um corpo, um objeto e não como algo maior, que é o que geralmente injetamos quando desejamos ter um filho.

Pra criarmos os filhos colocamos neles algum sentido, alguma forma de realização. Eles precisam ser, acima de tudo, resultado do nosso desejo, reconhecido ou não, para alem, da extensão de nossos corpos. Por isso dizemos que o ser humano é um ser simbólico, pois geralmente o que fazemos ou percebemos significam coisas para alem dos que os objetos são. É muito triste e pobre quando o sexo é somente cópula ou descarga, o filho é somente corpo, a música é só som, um quadro é somente uma tela.

Por: Návia T. Pattussi/Psicanalista/naviat@terra.com.br

Fonte: MARCOS A. BEDIN

MB Comunicação Empresarial/Organizacional

mb@mbcomunicacao.com.br

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