Dia Internacional da Mulher: A Arte de Frida Khalo
O ritual do amor
Existiu uma época em que toda a região da Serra da Bodoquena era habitada por um povo admirável. Essa gente especial porque acreditava que o Homem era um ser singular, criado por um Deus sábio, que colocara em cada um de nós entranhas com muita energia, livre arbítrio e sentimentos constantes. Esse povo formava a brava e poderosa nação Terena. Livre, soberana e crente em suas tradições.
Entre os valores que cultuavam, um se sobressaia: o amor.
Nada era mais importante, nada era mais verdadeiro, nada era mais divino. Fazia parte da cultura acreditar que pelo amor valia a pena viver ou, se necessário, morrer.
Foi devido a essa crença que tudo aconteceu:
...Cacai era a mais bonita de todas as jovens terenas. Ela pertencia a uma tribo localizada próxima a Gruta do Lago Azul, mas guerreiros de todas as tribos já haviam ouvido falar dela e de seus encantos. Havia muitos pretendentes e admiradores.
O jovem cacique daquela tribo resolveu que chegara o momento de arrumar uma companheira. Escolheu Cacai. Seguindo a tradição, convidou-a para o pacto das 700 luas.
O noivo e a noiva faziam um trato de que durante 700 luas iriam se conhecer e em seguida decidiriam quanto às núpcias. A decisão era soberana e livre como cabia a todos os terenas (homem ou mulher).
A negativa era aceita com naturalidade e com respeito por toda a tribo. Se a decisão fosse pelo casamento o pacto era consumado num ritual de amor e fidelidade eterna. O ritual era realizado no interior da Gruta do Lago Azul, onde eram pronunciadas as palavras mágicas que só os velhos terenas conheciam. A decisão era a coisa mais importante na vida de um terena. Não podia haver erro. A união era indissolúvel,nem a morte os separavam. Acreditava-se na existência de uma alma imortal.
Transcorria o namoro de Cacai com o jovem chefe da tribo, como era do costume daquela gente, mas o "deus do destino", que coloca os sentimentos no coração das pessoas, tinha outros planos para Cacai.
...Certo dia caiu prisioneiro daquela tribo um guerreiro estrangeiro. Tinha a pele clara e carregava nos olhos um brilho que Cacai jamais vira. Os seus cabelos castanhos apresentavam mechas brancas revelando que aquele guerreiro forte e ágil era quase um ancião. Cacai cuidou de seus ferimentos, ensinou-lhe a sua língua, conquistou a sua alma e...descobriu que ele era o verdadeiro amor de sua vida.
Quando se passaram as 700 luas, a resposta de Cacai foi de que não se casaria com o chefe da tribo. Ele, inconformado e enfurecido, obrigou a realização do ritual, contrariando a sagrada tradição terena.
O pacto foi realizado e, para desespero de Cacai, as palavras mágicas foram pronunciadas. Não havia mais esperanças para Cacai e seu amado. Qualquer mulher que quebrasse o sagrado juramento tinha o seu coração transpassado por uma flecha terena. Cacai sabia disso, mas sabia também que devia obediência ao valor supremo do amor. Curvou-se a ele.
Naquele mesmo dia fugiram numa canoa, descendo o Rio Formoso.
O cacique reuniu seus guerreiros e ...cumpriu-se a maldição. O sangue de Cacai e seu amado foram tornando a água do Formoso cada vez mais limpa e a última gota foi derramada. Todo o rio e até seus afluentes estavam com a água cristalina e transparente como fora o coração de Cacai.
Naqueles dias em que parece que o vento parou e apenas uma leve brisa penetra a solidão e a flor do ipê fica mais colorida. Quando a água sombria do Lago fica mais azul e se torna alegre com um pássaro solitário que vem refrescar suas penas e cortejar o perfume duma Cacai que nossos olhos não vêem, mas que lá está. Num dia assim tão especial, quando o Poeta vem colher, numa canção, aquela outra messe que os campos produzem. Nesses dias é possível ouvir os sussuros de amor de Cacai e do seu amado imortal.
Está lá no fundo da gruta, está nas cachoeiras, no fundo das águas do rio, está em todo o lugar...é só prestar atenção.
(Autor Desconhecido)
Fonte: Portal Bonito
Breve Histórico da Universidade Regional de Blumenau
A Biblioteca Universitária da FURB disponibilizou na Internet um livreto ilustrado intitulado “Breve Histórico da Universidade Regional de Blumenau”. O texto de 34 páginas, feito a pedido da Coordenadoria de Planejamento, foi redigido pelo servidor, escritor e historiador Viegas Fernandes da Costa, coordenador do Projeto Sarau Eletrônico, com o apoio de Liane Kirsten Sasse, que coordena o Centro de Memória Universitária (CMU), e do diretor da Biblioteca, Darlan Jevaer Schmitt.
Construído a partir da linha do tempo disponível na página da FURB na Internet, “Breve Histórico” relata momentos marcantes da instituição, como o reconhecimento da instituição como universidade pelo Conselho Federal de Educação, em 6 de novembro de 1985, a inauguração dos blocos A, B e C do Câmpus 1, em 2 de agosto de 1969, até as passeatas pela federalização da universidade, no ano passado (foto acima).
Viegas pesquisou também o livro “Uma contribuição para a história da FURB”, de Luiz Antônio Soares e Sueli Petry, a monografia de Liane sobre o movimento estudantil na universidade e também o arquivo de entrevistas da CMU. “Normalmente os livros apresentam a FURB como um produto de indivíduos como Martinho Antônio da Veiga e Milton Pompeu da Costa Ribeiro. O que o artigo traz de novo é que a FURB surgiu de uma realidade estadual, dentro de um contexto que discutiu a instalação de universidades também em outras cidades da região, como Rio do Sul e Itajaí. Havia uma disposição no cenário político, educacional e econômico que permitiu acalentar este projeto em Blumenau”, afirma Viegas.
Segundo Schmitt, o artigo foi um pedido da Coordenadoria de Planejamento, que pretende usá-lo como introdução ao Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da FURB. “A ideia futura é aproveitar este material e aprofundá-lo para, no aniversário de 50 anos da universidade (em maio de 2014), lançar um livro ilustrado da história da FURB”, antecipa o diretor da Biblioteca.
As mulheres esquecidas
Homens e mulheres tiveram papel importante no movimento da Reforma protestante no século XVI. Mas enquanto a história registra a contribuição de Martim Lutero, João Calvino, João Knox, Ulrico Zwinglio, Felipe Melanchton e outros, quem é capaz de mencionar a participação de mulheres no movimento?
Catarina Von Bora, Catarina Schutz Zell, Claudine Levet, Marie Dentèrem, Rachel Specht ocuparam espaços na Reforma protestante, destaca a pastora reformada Sonia Motta, da Igreja Presbiteriana Unida (IPU), em artigo que escreveu para o Centro de Estudos Bíblicos (Cebi).
“Se na Idade Média o ideal feminino era o de monja, na época da Reforma o ideal era ser esposa e mãe”, assinala Sonia. Lutero tinha essa postura, entendendo que a esposa e mãe estavam sujeitas ao marido. João Knox foi ainda mais radical, não aceitando qualquer tipo de governo de mulheres, pois isso contrariaria a natureza da Escritura e usurparia a autoridade masculina.
Mesmo tratando do silêncio das mulheres, como o apóstolo Paulo preconizara, Calvino reconheceu a participação e a importância delas nas Escrituras Sagradas, mas manteve a subserviência da mulher em relação ao homem, analisa a pastora reformada.O reformador admitia que seria um escândalo uma mulher ensinar o seu marido pela pregação.
A mulher de Lutero, Catarina von Bora (1499-1550), é, talvez, a reformadora mais reconhecida, pois conseguiu extrapolar o papel de “esposa de Lutero”. Ela foi monja antes de se casar com Lutero e conhecia os segredos da medicina caseira. Ela era uma ótima administradora dos bens familiares, sabia ler e escrever, o que era uma exceção para a condição de mulheres da época.
Em Estrasburgo viveu Catarina Schutz Zell (1497-1562), casada com um sacerdote que foi excomungado. Ela escreveu ao bispo local defendendo o casamento de clérigos. Era uma mulher culta, leitora de Lutero. “Catarina Zell também escrevia muito, e em suas cartas incentivava as mulheres dos fugitivos (defensores da Reforma) a permanecerem firmes na fé”, afirma Sonia.
Schutz Zell escreveu comentário sobre os Salmos 51 e 130, sobre a oração dominical e o Credo. Acolheu flagelados, pessoas perseguidas, visitou doentes, realizou pregações, inclusive na morte do marido.
Em Genebra, Claudine Levet assumiu, em diversas ocasiões, o papel de pastora e pregadora, quando eles faltavam em congregações. Ela aplicou suas posses em favor dos pobres. Marie Dentière também atuou em Genebra, como pregadora e escritora. Chegou a remeter carta à rainha Marguerite, de Navarra, pedindo que ela intercedesse junto ao irmão, o rei da França, para eliminar a divisão entre homens e mulheres.
“Embora não seja permitido a nós (mulheres) pregar em assembléias públicas e nas igrejas, não obstante não nos é proibido escrever e admoestar uma a outra com todo o amor”, escreveu à rainha.
A calvinista inglesa Rachel Specht recorreu, em 1621, à parábola dos talentos para defender o direito das mulheres. Se Deus concedeu corpo, alma e espírito às mulheres, por que Ele daria todos esses talentos, se não para serem usados? – indagou. Não usá-los seria uma irresponsabilidade, argumentou.
Igrejas da Reforma, constata a pastora presbiteriana, levaram algum tempo para ordenar mulheres, o que não é, “lamentavelmente”, a prática em todas as denominações protestantes.
Fonte: ALC